27 de agosto de 2025

Os bandarilheiros de Abiul

 Sandra Barros, que daqui a um mês e meio termina um ciclo de 12 anos como presidente da Junta de Abiul, foi uma das (poucas) boas surpresas nos últimos anos, no domínio autárquico. Pese embora a estrangeirinha que fez ao CDS depois de vencer a primeira vez, cumpriu os seus mandatos com discrição e competência. E tinha tudo para deixar o nome bordado a ouro naquela freguesia. Mas eis que vem a público a sua participação no novo elenco do PSD. Numa primeira impressão, poderia parecer que se candidata a presidente da mesa da assembleia (o que também é discutível, mas a malta já encara com naturalidade), só que não: o cartaz é explícito. E foi ainda mais explícita a utilização da página de Facebook da presidente/candidata, criada há quatro anos. Mesmo que um rebate de consciência tenha obrigado a apagar a ousadia...há coisas que deixam marca. Uma vez na net, sempre na net...

Ora, sabendo nós que o candidato Celso Mendes foi escolha de segunda ou terceira água, está bem de ver o que vai acontecer ali, o jogo de faz-de-conta-que-ela-já-não-é presidente mas na prática...será. 

Tanta chatice atormentou outros casos, como o presidente da Pelariga, por exemplo, e afinal estava encontrada a solução para contornar a limitação de mandatos. Um problema, isto das leis e das regras da democracia. Coisas terrenas, que pouco afectam quem voa lá no alto.



24 de agosto de 2025

Assalto ao poder na Caixa Agrícola de Pombal

Nesta malfadada terra, a política deixou de ser um ideal. É agora - como nos anunciam - um estratagema para voar mais alto. Voar alto, muito alto, é uma ambição tola, própria de tolos, muito bem tratada na mitologia grega, e ao longo dos séculos pela grande literatura e pintura. Por cá, o próximo voo mais alto já arrancou e termina dia 12 de outubro, com a eleição do doutor Pimpão; o seguinte, assalto ao poder na Caixa Agrícola, está em fase de preparativos e terminará no início do novo ano - se conseguir levantar voo… 



Diz-se, há muito, que a política perdeu a corrida para o mundo dos negócios. Mas por aqui também já a perdeu para os empregos chorudos. Agora o que está a dar, o que anima a nossa classe política e/ou dirigista oportunista, são os tachos na “administração” da Caixa Agrícola, bem remunerados, cheios de mordomias e sem controlo de quem o deveria fazer – Banco de Portugal e afins. 

No tempo em que a generalidade dos partidos não consegue seduzir pessoas para as listas de candidatas aos diferentes órgãos autárquicos, e só o partido no poder (PSD) consegue cumprir os mínimos - apresentar listas a todos os órgãos –, um pequeno grupo de “primas-donas”, caciques e ex-caciques locais, que cresceram e engordaram à sombra do poder instalado nos paços do concelho, cirandando pelos tachos disponíveis na praça, apoiam-se no poder instalado e lançam-se no assalto ao poder na Caixa Agrícola. 

Sempre aqui saudámos as disputas e as renovações de poder nas instituições e entidades públicas ou privadas (que mexem em coisa pública), nomeadamente no malfadado associativismo local, que, em muitos casos, é falso associativismo. Mas ultrapassa o inimaginável - não lembra sequer ao Diabo - que criaturas supostamente esclarecidas queiram disputar as eleições para os órgãos de uma associação a que nunca estiveram ligados, para a qual não possuem currículo, e de que não são sequer sócios! A Caixa Agrícola não é uma associação de vão-de-escada, que organiza umas festas e vende umas cervejolas; é uma entidade financeira, que opera num mercado exigente, onde o rigor e a honorabilidade são a marca-de-água da sua credibilidade e condições críticas para o exercício da sua actividade, junto de quem aí aplica as suas poupanças. 

Bem sabemos que nesta terra vale tudo para quem está ancorado no poder instalado, mas há manigâncias que ultrapassam todos os limites. E um dos limites de voar muito alto é ser derretido pelo Sol, como bem ensinou a mitologia Grega.

22 de agosto de 2025

Pimpão cavalga oposição

A política pombalense tornou-se uma alegoria banal, inepta e insípida, que em muitos momentos roça o deplorável. Até ao final do ano, as próximas eleições autárquicas proporcionar-nos-ão vários actos caricatos e/ou penosos.

No arranque, bastou a “oposição” não se apresentar a duas freguesias para o doutor Pimpão cavalgar vitória antecipada. Em política, vitória é sempre vitória, nem que seja de “pirro” por ausência/incapacidade dos adversários. Mas convinha não embandeirar em arco… Todos já perceberam que o doutor Pimpão vai sentado num jumento, não num puro-sangue…



A “oposição”, coitada, continua em estado de negação, incapaz de olhar os factos e a realidade que a rodeia. Prefere vitimizar-se: transferir para outros erros seus - caminho que não resolve nenhum problema, só os agrava. Ao fraco já deveria chegar como desgraça carregar as suas fragilidades. Mas não: a dita oposição gosta de amplificar a sua desgraça, expondo na praça pública as suas fragilidades, os seus medos e os seus fracassos.

O pior cego não é aquele que não vê; é aquele que não quer ver.


20 de agosto de 2025

Fazer a festa antes do tempo

O povo, na sua imensa sabedoria, costuma dizer que é mau sinal festejar antes do tempo. Esta manhã o Pedro veio às redes embandeirar em arco porque, pasme-se, o PSD é a única força política que concorre em todas as freguesias. 

Percebo a euforia, a sensação de vitória antecipada, mas o Pedro esquece-se (como tantas vezes) que continua a ser presidente da Câmara. E ver-se a este espelho deveria fazê-lo corar de vergonha. Porque esta foi a estrada que ajudou a abrir, num concelho onde prevalece o "medo de dar o nome", de "dar a cara", de afrontar o poder. E é um bocadinho triste embrulhar-se nesta lençol de vaidade, mesmo que depois misture ali não-sei-quê de humildade. 

Por este andar, chegará o dia em que dispensa eleições.

O que gostaríamos de ver: que os anos teriam ensinado alguma coisa ao Pedro, e que esta forma de despovoamento o preocupava, enquanto autarca. Mas ao contrário, prefere viver numa realidade paralela. Ah, sempre precisa do PS para alguma coisa: não contente com os 10 slogans que o acompanham, ainda se socorre do slogan usado pelo malogrado António José Rodrigues, nas autárquicas de 2001 - Vamos a isto Pombal!

Vamos pois. Com toda a lata.



18 de agosto de 2025

A Liga dos Últimos à moda de Pombal

 Sabemos que até ao lavar dos cestos ainda é vindima, e por isso não estranhámos a correria desenfreada que aconteceu esta tarde no Tribunal de Pombal, no dia - e hora - limite para a entrega das listas candidatas às eleições autárquicas de 2025, marcadas para 12 de Outubro próximo. 

Na verdade, só esse formalismo legal ainda nos faz acreditar num acto sério. Porque tudo o resto nos leva a crer que as eleições em Pombal são uma espécie de Liga dos Últimos, tal o amadorismo. 

Estas serão umas das eleições mais concorridas em termos de candidaturas (desta vez são 8candidatos, tal como em 2017), o que não quer dizer disputadas. Pimpão vai embalado pelo PSD, na frente da corrida. De cada vez que o vejo partilhar coisas sobre "voar mais alto" não consigo evitar a imagem: a equipa "de excelência" (que faz arrepiar muito social-democrata) é como uma tripulação dentro do cokpit de um avião de passageiros, mas com carta de mota - aplicada também por estes dias ao PM e seu (des)governo. A paz laranja vai ser abalada aqui pelo Chega, que apresentou (em segredo) as listas, já na semana passada. Quem as viu, garante que a da Assembleia Municipal (encabeçada por Paulo Costa, um imigrante radicado nas Meirinhas) é a mais representativa de todo o concelho, por incluir gente de todas as freguesias. Já a lista à Câmara, encabeçada pelo doutor Mithá Ribeiro, deixamos para o (e)leitor descobrir a origem/residência dos que a integram, à excepção do dissidente Manuel Serra. Chegou a estar marcada uma apresentação, mas foi "adiada", não se sabe para quando. Não é que isso interesse, que a maioria do eleitorado do CH vota no senhor que aparece em todos os cartazes, em todos os concelhos. E isso assegura votos, muitos votos. A nós calhou-nos o (único) ideólogo do partido, que de tanto querer regredir ao antigo regime esta semana ilustrou um post com o símbolo da vila de Pombal. Alguém o avise que isto se tornou cidade em 1991.

Também o Movimento Pombal Independente já tinha entregue as listas na semana passada. É ululante a disputa entre João Coelho e João Pimpão, que elegeram Luís Couto como ódio de estimação. Podem trazer as pipocas. Para esse filme e para outros que se anunciam, nomeadamente no PS: afinal a candidata a São Simão de Litém desistiu da corrida; há meia dúzia de freguesias sem candidatura socialista, e continuamos sem saber nada do candidato à Câmara. Seria cómico, se não fosse trágico. 

Feitas as contas ao elenco, temos Pedro Pimpão (PSD), Gabriel Mithá Ribeiro (CH),  Fernando Matos (PS), Luís Couto (MPI), Ricardo Santos (IL), Telmo Lopes (CDS), Egídio Farinha (CDU) e Célia Cavalheiro (BE). Agora escolha.

Adenda: Afixadas as listas no Tribunal de Pombal, constatamos que houve trocas de última hora e algumas surpresas. A mais relevante: o Chega apresentou uma outra lista à AM, encabeçada por um tal Sebastião Ferreira Fartaria, com residência em...Amor. De resto, em toda a lista, procurar um natural ou residente no concelho é como encontrar uma agulha no palheiro. Esta troca resulta das guerras fraticidas (que já existem) dentro do CH.O líder da distrital, deputado na AR e candidato à Câmara de Leiria, Luís Paulo Fernandes, não se cruza com Gabriel Mithá Ribeiro. Ora, o último desautorizou o primeiro (que ajudou no processo autárquico por todo o distrito, à excepção de Pombal), para espanto dos funcionários judiciais que receberam as listas. Por outro lado, o partido de Ventura candidata-se também à Junta de Freguesia de Pombal (com Patrício Accoto Martins) à Junta de Carnide e à de Vermoil. Isto promete.





14 de agosto de 2025

O Pedro insiste no erro – o Pedro é um erro

Ontem, o PSD divulgou a lista à câmara que o Pedro escolheu para o acompanhar em mais quatro anos da sua comédia folclórica. Nos lugares potencialmente elegíveis aparecem a repetente Isabel Marto, o professor-primário Marco Ferreira, a tarefeira Ana Carolina e a enfermeira Patrícia Rolo! Pelo caminho ficaram a Catarina Silva e o Pedro Navega - e a Gina Domingues. Fica só uma dúvida no ar: se o Pedro sabe mesmo escolher, ou se não tem mesmo por onde escolher - serão com certeza as duas faces da mesma moeda (da má moeda). 



Um dos maiores vultos da cultura e do pensamento europeu, Goethe, afirmou: diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Com esta "escolha", que se segue à anterior, o Pedro confirmou o que já se sabia: é um inepto (político) - criatura destituída de capacidade de aprendizagem e de avaliação daquilo a que se propõe. 

Desgraçadamente, nesta malfadada terra, o PSD - meia-dúzia obstinados, alheados da realidade, escolhidos ou controlados pelo Pedro - continua a dar-lhe carta branca para ele cometer barbaridades políticas que nos sairão muito caras. Perdeu-se definitivamente o sentido da responsabilidade e a noção de causa e serviço público. Isto já não é Política; é uma farsa, uma comédia ofensiva, ruim e indigna, representada por péssimos actores. Mas se o povo gosta, siga a festa.

12 de agosto de 2025

A fina flor do entulho

 Nestas semanas dedicadas à pré-campanha eleitoral, Pedro Pimpão e sua jota andam em desfile pelas terriolas deste concelho. Só eles, como se as eleições fossem de uma só candidatura, por mérito do PSD e demérito do(s) que deveria(m) apresentar-se como alternativa. Tenho acompanhado com curiosidade a presença da comitiva laranja em duas dimensões, alheia à separação de poderes. Por um lado, a presença do presidente da Câmara (e do que resta da sua equipa), por outro a máquina do partido, que ostenta o dinheiro que tem, num registo David e Golias, em cada apresentação de candidatos. 

Aqui a lei é coisa para contornar, como se não existisse o decreto-lei nº 8/2025, de 14 de Julho, que obriga as autarquias a ajustar a sua comunicação institucional, reduzindo a mínimos as publicações nas redes sociais e noutros meios. Quem pode, pode. 

À falta de adversários, Pimpão desfila pelas freguesias os seus candidatos às juntas, todos notáveis e extraordinários, todos aptos a fazer parte de um estudo que mostre como Pombal é um oásis no país. Quem aqui aterrar, sem saber nada, e se guiar pelas publicações do "Pombal voa mais alto", não imagina o quanto batemos no fundo. A honestidade intelectual ensina-nos que a nossa terra é aquela onde vivemos, e por isso é nela que devemos intervir, participar, agir em planos diversos - não necessariamente a fazer número para engrossar o falso associativismo. Surpreenda-se pois, o (e)leitor, com aqueles e aquelas que nos são apresentados como a última bolacha do pacote, mesmo sabendo nós que são apenas o que há, ou que mantêm interesse(s) em participar na coisa. Entusiasme-se o (e)leitor com os discursos que evocam a participação activa de uma comunidade, quando percebemos que os eventos de apresentação funcionam em circuito fechado, deles para eles. Ainda assim, anseio agora pela apresentação da candidatura à junta de freguesia de Vermoil, onde este ano não há sequer a tradicional festa da terra. Porque não há comissão. Porque não há pessoas. E as entidades que tinham obrigação de assumir a organização, têm mais que fazer. É como diz a canção: tudo está no seu lugar, graças a Deus. 

E o resto? - perguntará, legitimamente, o (e)leitor. O resto é o resto. 


11 de agosto de 2025

O PS2 vai a votos

Nesta malograda terra, as eleições locais são mero pró-forma que nada decidem. Uns culpam os partidos (da oposição) por este triste fatalismo; outros culpam os eleitores. Estaremos, com certeza, perante um enigma semelhante ao do ovo e da galinha.



O PS participa, novamente. Com a divulgação das listas à Câmara e à Assembleia Municipal confirma-se o que já se sabia: o PS2 – o que resta dele - conseguiu o seu principal objectivo: ir a votos. Pelo meio desenvolveu uma guerrilha fratricida com os resultados conhecidos e agora confirmados: uma fractura interna, completa e profunda, que dinamitou o que restava da estrutura local do partido.

As eleições são o teste de algodão à limpeza de processos e à confiança nos candidatos, mesmo para aqueles que desconsideram as escolhas dos eleitores. Na esfera socialista, só duas coisas ainda suscitam alguma curiosidade: quanto ainda vale o campo socialista? Qual das facções (PS1 ou PS2) vale mais? 

NR: Para não influenciar os resultados, não divulgo o meu prognóstico.